terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Dilma afirma que, se quiserem, vai comparar "obra por obra"

da Agência Folha, em Governador Valadares (MG)

da Reuters
da Folha Online

Atualizado às 15h37.

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do PT à Presidência da República, ratificou nesta terça-feira o discurso das comparações entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em visita a obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em Governador Valadares (MG), a ministra disse, se quiserem, vai comparar "obra por obra".

"Se quiserem comparar, nós vamos comparar. Número por número, casa por casa, obra por obra", afirmou Dilma, sem citar nenhum nome da oposição.

Segundo a ministra, "tem uma diferença muito grande desse governo em relação a qualquer momento da história recente deste país". "O Brasil cresce agora a favor do povo brasileiro e não contra o povo brasileiro, quando apenas poucos ganhavam", afirmou.

"Nós temos orgulho do nosso governo e temos orgulho do líder que nos lidera nesse governo, que é o presidente Lula", afirmou a ministra.

Críticas

A declaração de Dilma foi uma reação da crítica feita ontem por FHC sobre a liderança e a experiência da ministra. Ao participar ontem da inauguração da Biblioteca de São Paulo, obra do governo estadual, Fernando Henrique fez duras críticas a Dilma e a Lula, além de citar abertamente Serra como o candidato da oposição.

"[Dilma] pode até vir a ser, mas por enquanto ela não é líder. Por enquanto, é reflexo de um líder", disse, se referindo a Lula. "O Serra já tem liderança e mostrou que faz", afirmou.

A estratégia do governo é transformar a eleição presidencial de outubro em uma espécie de plebiscito. Em seu discurso, Dilma lembrou que é mineira e tentou demonstrar simpatia durante sua fala. No entanto, cometeu duas gafes.

Primeiro, confundiu-se e chamou Governador Valadares de Juiz de Fora, outra cidade mineira. Em seguida, referiu-se às obras de saneamento e habitação que a comitiva presidencial visitou na Vila Palmeiras dizendo que o local era Vila Palmares.

Citando o esforço do governo para a construção de casas populares e criticando os antecessores de Lula, Dilma destacou que as ações do governo devem ter o objetivo de mudar a vida das pessoas.

"Não fizeram olhando os mais pobres, fizeram olhando os remediados, uma classe média", afirmou.

A ministra ainda alfinetou indiretamente o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), provavelmente seu principal adversário na eleição. O tucano enfrenta problemas de enchentes no Estado.

"Quando ocorre um alagamento, quando ocorre um desbarrancamento, o pessoal fica espantado porque quem morre são os mais pobres", afirmou.

"Morrem os mais pobres porque não teve uma política habitacional nesse país que fizesse com que essas pessoas não fossem obrigadas a morar na beira do córrego, na beira do rio, na beira da lagoa, num fundo de vale ou na encosta de um morro."

Dilma argumentou ainda que o PAC tem o mérito de executar obras em lugares que nunca antes tinham recebido atenção do poder público, e frisou que a segunda edição do programa garantirá a continuidade desses avanços. "Nós vamos transformar cada vez mais o Brasil."

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Governo anuncia realização de 63% das obras do PAC em três anos

Keila Santana
Especial para o UOL Notícias
Em Brasília
Atualizado às 11h50

Três anos depois dos primeiros anúncios de investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República, afirmou nesta quinta-feira (4) que 63,3% das metas do governo federal previstas até este ano foram cumpridas e que 40,3% das obras foram concluídas.


"São valores significativos. Houve uma evolução bem favorável do PAC no último ano", disse Dilma ao apresentar o nono balanço do programa que é carro-chefe da sua possível candidatura à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com o balanço, foram executados investimentos de R$ 403,8 bilhões entre 2007 e 2009. A previsão do governo é, até o final de 2010, chegar a R$ 638 bilhões. Desse volume, R$ 126,3 bilhões foram investimento do governo e R$ 88,8 bilhões, do setor privado.

Em habitação e saneamento, foram gastos R$ 138,2 bilhões. As áreas de logística, de energia e social-urbana receberam investimentos de R$ 118,7 bilhões, no total. Desse montante, R$ 40,5 bilhões foram gastos em logística, dos quais R$ 27,7 bilhões foram aplicados em 4.916 quilômetros de rodovias.

Na área de energia, o total investido chegou a R$ 72,4 bilhões. O setor que recebeu maior a parcela desses recursos foi o de exploração de campos de petróleo e gás natural (R$ 23,8 bilhões).

Investimento eleitoral
No início deste ano de eleições presidenciais, os investimentos aceleraram: números do Orçamento Geral da União (OGU) mostram que em janeiro o ritmo do chamado PAC "orçamentário" - o programa também inclui injeções de recursos privados - foi bem mais forte do que no mesmo período do ano passado.

Nos primeiros 31 dias de 2010, o governo federal desembolsou quase R$ 1,2 bilhão em empreendimentos do programa. Esse montante é duas vezes superior ao do mesmo período de 2009 e maior que o total injetado no primeiro bimestre do ano passado.

Segundo Dilma, nas áreas de habitação e saneamento, por exemplo, o total de investimentos liberados superou a programação do período. "Liberamos muito além do prometido. Em habitação, dos R$ 19,1 bilhões foram contratados R$ 16,5 bilhões. A gente ainda acha que vai ter um aumento. Todo ano é assim, a gente começa com uma previsão menor e vai crescendo", afirmou.

A ministra repetiu que os investimentos no PAC foram mantidos mesmo no ano em que a crise financeira internacional atingiu o sistema de crédito, inclusive no Brasil. "Houve evolução favorável do PAC nos últimos tempos e nós mantivemos o nível de investimento mesmo depois da crise."

Dificuldades na execução
Para o presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, José Luiz Pagnussat, são vários os fatores que contribuíram para a execução dos investimentos do governo estar aquém do ideal. Entre eles está a ineficiência de setores do governo - uma crítica que está em sintonia com os comentários de oposicionistas nas últimas semanas.

"(Os problemas de execução) estão relacionados com a questão da capacitação gerencial, a falta de pessoal ou baixa capacitação do quadro e as deficiências tecnológicas nos sistemas de informação e de gestão", afirmou ao site "Contas Abertas".

"Outro problema que gera ineficiência da máquina está nas dificuldades relacionadas com a questão ambiental, seja pelos exageros nas condicionantes ambientais para concessão de licenciamento, pela falta de um padrão nas análises dos órgãos ambientais ou, ainda, pela inadequação da legislação ambiental à realidade brasileira", afirmou.

Com informações de Folha Online, Agência Brasil e Contas Abertas